A paixão por ônibus uniu as vidas do menino Benicio Dini, de 3 anos, e do motorista de ônibus, Donizete Aparecido, de 46 anos. Todos os dias, o pequeno Benicio sai da escolinha, no bairro Santa Lúcia, em Campo Limpo Paulista, já na esperança de cumprimentar o amigo motorista, que faz o horário da linha municipal (Moinho – 408) coincidindo com a saída da escola.
De longe, o motorista Donizete reconhece o parceiro, que acena cheio de euforia quando o veículo para no ponto de ônibus em frente a escola. “É muito gratificante ver o carinho do Benicio. Sou motorista há 27 anos e sempre trato todos com muito respeito e não seria diferente com as crianças”, afirma.
A amizade entre eles começou em 2018. Os pais do menino, Noemi Rufino Dini e Rafael Dini, comerciantes em Campo Limpo Paulista, destacam que a alegria do filho é o maior presente que poderia nascer desta amizade inusitada.
“O Benicio sempre faz aquela festa quando vê um ônibus passar. O motorista Donizete se tornou seu amigo. Todos os dias, Donizete dispensa alguns segundos para a alegria do meu filho. Ele buzina, pisca as luzes, manda joia, abraços e o Benicio, encantado, orgulhosamente me diz: “Mamãe, você viu o que o meu amigo fez pra mim?”, conta Noemi.
Apesar de no dia a dia Benicio não utilizar o transporte público, os ônibus se tornaram um dos passeios comuns para a família. “Desde que meu filho começou a se comunicar já percebemos que ele gostava do veículo. Aos finais de semana, meu esposo o leva para andar de ônibus e os avós chegam a acompanhá-lo a porta da garagem dos ônibus da cidade para ele ver a movimentação”, revela a mãe.
Reconhecimento
No fim do ano passado, a família de Benicio presenteou o motorista Donizete com uma cesta de Natal para agradecer pela amizade. “A gente quis presenteá-lo por todo o carinho e pelo tempo que ele desprende para dar um ‘oi’ ao nosso filho. Isso nos comove e também a todos que vêm a cena diariamente”, destaca Rufino.
Donizete conta que não é a primeira vez que o trabalho que faz encanta os pequenos. “Já fui motorista escolar em uma empresa diferente da atual em que trabalho, na Zona Oeste de São Paulo. À época, ninguém queria fazer a linha escolar, mas eu sempre soube lidar com as crianças e era o primeiro a me oferecer para o transporte delas”, lembra.
Ele ainda finaliza com um conselho. “O Benicio é especial. Temos que aprender a ser mais como as crianças. Elas veem beleza naquilo que costumamos desprezar e o coração delas abraça a todos sem preconceitos.”